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Título:
ANUARÍ,
na quietude do mármore Autora:
Teresa Wilms Montt
Tradução: Renato de Mattos Motta
ISBN: 978-65-84571-36-5
Formato: 14 x 21 Páginas: 62 Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário / Class, 2022
Anuarí é um livro de poemas publicado em 1918 por
Teresa Wilms Montt. Nascida em Viña del Mar, Chile, em 1893,
teve uma vida dramática, tendo sido obrigada a casar muito
jovem com um homem mais velho e alcoólatra. A família
tradicional a que pertencia, e o marido, aprisionam a poeta
num convento, isso no início do século XX. Ajudada por
Vicente Huidobro, foge para a Europa onde conhece grandes
escritores e participa da vida cultural da Espanha.
Feminista, anarquista e libertária teve uma vida romanesca e
trágica, tendo sido separada das duas filhas e visto o
suicídio de um jovem poeta, que por amor a ela, se matou.
Por isso, sua poesia é marcada por uma carga de desesperança
e de referências a espaços sombrios da alma e da natureza.
Entre o simbolismo e o modernismo, do tipo elaborado pelo
poeta nicaraguense Ruben Darío, e influenciada pelo
modernismo espanhol de um Valle-Inclán, Juan Ramón Jiménez e
outros, cria uma obra personalíssima, onde se desnuda um
espírito inquieto, equilibrado entre uma visão gótica do
mundo e a realidade da arte.
O livro de que estamos tratando, Anuarí, é composto
de textos que se referem ao poeta que se suicidou. Pode ser
lido como um diário doloroso, de anotações sobre a
incompreensão da vida e da morte, o amor puro, o destino, a
entrega e a separação. Ou podemos lê-lo como cartas que a
poeta endereça ao ser amado e perdido na morte. Existe,
ainda, uma outra forma de ler este texto, vê-lo como uma
novela gótica – como se não soubéssemos a biografia da poeta
e o caso do suicídio –, lendo-o como uma história de terror,
de amor e morte, onde os princípios desse tipo de narrativa
se desenrola com todos os graus do ultrarromantismo: amor
desmedido e sobre todas as coisas, maldição, crime e
castigo; loucura, doença, necrofilia, desejo sexual inibido,
e um cenário de paisagens escuras, ruínas, cemitérios,
pântanos. Considerando o primeiro autor desse tipo de
narrativa de terror o inglês Horace Walpole com O castelo
de Otranto de 1764, passando por Frankstein
escrito por Mary Shelley em 1820 e pelo Noite na taverna,
de 1855, do poeta Álvares de Azevedo, chegando até nossos
dias em romances, quadrinhos e filmes.
José Eduardo Degrazia
Sobre a autora:
Teresa Wilms Montt nasceu em Viña del Mar em 1893, no seio
de uma influente família da elite mercantil da época. Seu
interesse em cartas e sua curiosidade intelectual a
colocaram contra os valores tradicionais de sua classe
social. Casou-se com Gustavo Balmaceda Valdés, com quem teve
duas filhas. Devido a problemas em seu casamento, ela perde
a custódia deles e é confinada no Convento do Precioso
Sangue. Ajudada por Vicente Huidobro, ela foge do Chile e
passa a publicar textos com tendência feminista e anarquista
em revistas de Buenos Aires. Em 1917, Huidobro publicou seus
primeiros dois livros, “Preocupações sentimentais” e “As
três canções”. Em seguida, mudou-se para Madrid em 1918,
quando publica “Na Quietude do Mármore” e “Anuarí”. De volta
a Buenos Aires, publica seu quinto e último livro, “Contos
para homens que ainda são crianças”, em 1919. Em meio a
contínuas viagens pela Europa, ela se encontra com as filhas
em Paris. Mais tarde, após sua partida, cometeu suicídio com
uma overdose de sonífero. Tinha 28 anos de idade. |