R$ 42,00
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Título:
APNEIA
Autor: Alexandre Andrei
ISBN: 978-65-85432-12-2
Formato: 14 x 21 Páginas: 112 Gênero:
Poesia
Publicação: Invencionática, 2023
O tema que unifica esta
coleção de poemas é que suas protagonistas são sempre
mulheres. Mais das vezes em primeira pessoa, senão
recontadas pela voz narrativa impessoal ma non troppo. Suas
trajetórias nunca são convencionais, são pessoais; não são
retas, são setas. Vários poemas tocam em temas espinhosos,
flores do mal. Podem experimentar derrotas, mas não
rendição. Cisão!
Não são retas. Nem vidas, nem histórias, nem narrativas. Nem
o livro, nem seu formato, que se espalha pelas quatro
extremidades da página letter, intencionalmente construindo
um labirinto de metáforas, lampejos, dígrafos,
circunstâncias, rimas internas, pequenas descrições, e uma
carpintaria rigidamente geométrica a ditar o tamanho,
início, fim e temática das estrofes. E tudo isto deverá ser
reformatado, reconstruído para as dimensões de livro. É
possível – coloco o primeiro poema como exemplo – conto com
vocês para que eu não me afaste em demasia do tom, ou afaste
demais o leitor. (por exemplo – subdividir os poemas?)
Enfim, para apresentar o livro de modo mais imparcial e
inpessoal, pedi à Inteligência Artificial (ChatGPT) que
compusesse um resumo do livro, contudo a maioria dos poemas
foi recusada por conterem temática e linguagem impróprios.
Já se vê.
Argumentei, Expliquei os conceitos de angústia e opressão. E
que a poesia é feita de metáforas e simbolismo. Assim
aplacada, a Inteligência Artificial entendeu o que significa
Apnéia e sentenciou: “Obra literária que mergulha nas
profundezas da experiência feminina contemporânea, trazendo
à tona vozes femininas que se recusam a ser silenciadas. A
estrutura em partes, representando diferentes faixas
etárias, é uma escolha que permite acompanhar o
desenvolvimento e a evolução das vozes femininas ao longo do
tempo. Essa progressão revela as camadas profundas da
experiência feminina. Ao mesmo tempo, tem uma narrativa
fragmentada e linguagem excessivamente crua, evocando
nuances e complexidades difíceis de expressar. A obra se
apóia em metáforas e linguagem poética, mas essa escolha
estilística acaba comprometendo a leveza e a compreensão
direta do texto, pelas imagens sufocantes e as excessivas
figuras de linguagem.”
A editora/or e leitora/or que sigam o fio de Ariadne –
essencial num labirinto.
Sobre o autor:
Alexandre era o nome de meu avô paterno, romeno. Humberto o
de meu avô materno, italiano. Andrei um sobrenome inventado
para fugir à polícia política. Filho de refugiados. Sou
Alexandre Humberto Andrei?
Eu era um moleque nascido em Niterói, pulando rio, jogando
bola, soltando pipa em Jacarepaguá, lendo Julio Verne em
cima do telhado, ouvindo o rádio da cozinha e achando lindo.
Ainda sou?
Tinha largado o futebol profissional. Casei, tivemos filhos,
PhDei-me astronômo, andei observando o universo mundo afora.
A.L. me mostrou essa coisa misteriosa que chamo de poesia.
Invés do que sou?
Enviuvei, envelheci – sinônimos. Ganhei netos, casei –
sincronicidades. Fiquei ou sou?
Sou que escreveu estes poemas? Se a poesia deve muito mais
ao galope das palavras que à rédea do autor.
Alexandre Humberto Andrei é todas as vidas que teve.
Suburbano, parisiense, moleque que pulava rio, rato de
biblioteca, goleiro do Irajá e do América, astrônomo, fulano
que correu mundo, pai, avô, viúvo (o que é um ante-ser,
acredite), namorado (o que é voltar a ser, você sabe).
Alexandre não é qualquer dos personagens das histórias que
escreve, ao contrário, é quem sai da frente e lhes dá voz.
Nem que precise subverter pontuação, acentuação e gramática.
São ficções. Toda arte o é, uma vez que sua função é trazer
para o real o que antes era imaginário e pressentimento. |