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Título: CARINGI, agora estou ali em bronze
Autora: Lília Sentinger Manfroi

ISBN: 978-65-85432-18-4

Formato: 14 x 21
Páginas: 206
Gênero: Romance
Publicação: Bestiário, 2024

Caringi, agora estou ali em bronze é de leitura fluente, agradável, serena e, ao mesmo tempo, provocante. As emoções dos personagens são contidas, a vibração comedida, as ações discretas, como convém à temática e ao enredo. O processo de transformação é mais interno que externo. Livro sócio-histórico-psico-político, com “sabor” humano-escultural.
A ambivalência (mais que as oposições), causada por situações, forças e sentimentos antagônicos, é conexa com os contrastes liberdade/ opressão, in/ fidelidade, claro/ escuro, valores fami-liares/ políticos, ser/ parecer, aparecer/ esconder, aceitação tácita/ação camuflada, o dissimular/ o assumir. A situação de troca de identidade em busca de liberdade é exemplar nesse sentido. A dificuldade na busca de (sobre) vida, individualidade e personalidade própria em ambiente constrangedor (por força política, policial, familiar, social) é marcante. Aos poucos os personagens tentam se esculpir, se construir, tomar forma, individuar-se. Em algumas situações, precisam esconder-se , negar-se parcialmente para sobreviver, para preservar um mínimo de vida , na esperança de mais adiante juntar os pedaços e retomar forma.
A “construção” de esculturas é muito significativa: os “construtores” de carne, osso, cabeça e coração camuflam e retraem suas vidas, transferindo-as a obJetos de argila e bronze: as pessoas se coisificam e a matéria-prima se humaniza.
Além de nazismo e escultura, presença contínua e essencial na obra, os personagens circulam com desenvoltura em outras áreas, harmoniosamente entrelaçadas, ao natural, resultado da cultura multidisciplinar e assimilada da autora. O livro é maduro, incisivo e elegante ao mesmo tempo, denso e instigador.

Antônio Suliani

Sobre a autora:
Lília M. Sentinger Manfroi, natural de Porto Alegre, é formada em pedagogia pela UFRGS e mestre em Avaliação. Na Escola Estadual 1º de Maio, de Porto Alegre, da qual foi aluna, desenvolveu diversas atividades pedagógicas e foi a primeira diretora eleita. É escultora premiada e gravurista em metal selecionada em salões como o International Triennial of Small Graphic Forms, Poland - Tódź, entre outros, desde 2011. Cursou a Oficina Literária 9, na PUCRS, com o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, participou das antologias Contos de Oficina 9, 1992 e Contos no Solar, 1995 e lançou a primeira edição do romance Caringi, agora estou ali em bronze em 2005. Edita a página ALMANAQUE do Jornal Boletim Informativo de Bombinhas, SC, onde também escreve crônicas..