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Título: CASA DE ORIGAMI
Autor: Ricardo Silvestrin

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 90
Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário, 2025

ISBN 978-65-6056-170-0

Se origami é arte de dobraduras de papel, a casa que dessa técnica surge só pode ser o livro Casa de origami. Essa casa-livro tem, contudo, muitos cômodos, interligados e todos com janelas, e em cada um deles mora algo ou alguém que, página virada, se entrevê.
Muitas visitas passam pela casa. Pra começar, desde a dedicatória guardada para Antonio Cicero, a casa recebe artistas feito Drummond e o incessante round na luta com as palavras; o português Pessoa em passeio pela “Tabacaria”; o Carlitos de Chaplin dançando no ringue de Luzes da ribalta; a curitibana Alice e a lição da viagem parada; com elas, no belíssimo poema “Mestres”, aparece Bashô, o cara, “um santo em mim”; e tem o mineiro maneiro Milton, voz ancestral. Ali, parece haver um mezanino e nele repousa outro poeta e músico, Caetano, dono da epígrafe que vai dar o tom da obra: “onde queres o livre, decassílabo”. Do alto, se mira “Poética”, a porta de entrada, com “noite cerrada” e “nono sentido”, e a porta de saída, “Livre”, com que encerra as dobras: “bem-aventurados aqueles poetas / que trocaram o metro pelo ritmo”. Ricardo Silvestrin é um d’aqueles poetas – e é o anfitrião dessa Casa.
A aventura de fazer uma casa de origami pede método, e o primeiro movimento será reinventar a moldura do soneto, transformando as tradicionais quatro estrofes (4-4-3-3) em três blocos (4-7-3). Ademais, cada título terá apenas uma palavra, sobre a qual se concentrará o ethos do poema. Não bastasse, Ricardo decide que todos os sétimos versos serão monossílabos – uma pausa na solenidade da cerimônia: sim, bem, oh!, bah...; todos os últimos versos, uma redondilha menor – arejando o desfecho, sem precisão de final retumbante; os demais versos, decassílabos, a sustentar a conversa com a tradição. Tal formato (entre o livre, que se fixa; e o decassílabo, que flutua) se mantém ao longo dos 70 sonetos, e isto é um feito.
Feito que se multiplica quando o leitor voyeur percebe que cada poema é autônomo mas se expande além em cifras e segredos, como se a Casa escondesse em suas paredes um romance em verso, tendo por narrador esse “homem de papel – vários e um”. Dobra a dobra, vamos nos avizinhando do pensamento e da beleza que ali se elaboram: “Tirar todo peso, onde ele esteja, / é tarefa para uma vida inteira”. Com a leveza de quem intui que a finitude humana pode ser embalada em bom humor, e tendo no horizonte a obra de Bandeira, poeta do ubi sunt, os versos de Silvestrin são atravessados pela lida com a memória: “Onde mesmo fica o que se passou? / Parte na memória, parte nas células, / parte em fundo falso a se esfumaçar. / Parte parte e não volta nunca mais”. Desde o portal, Casa de origami nos envolve em digressões de teor filosófico, não a partir de conceitos, mas de imagens – feito quadros nas paredes da morada: “Cada pessoa traz dentro um museu”.
O livro Casa de origami é, em suma, uma dobra a mais na obra a um tempo leve e densa, bem-humorada e reflexiva de Ricardo Silvestrin – poeta que todos os que gostamos de poesia devemos ter em nossa casa.

Wilberth Salgueiro.

Sobre o autor:
Ricardo Silvestrin lançou vinte e nove livros, entre poesia, conto, romance, literatura infantil e tradução. É mestre em literatura pela UFRGS, com a dissertação Manuel Bandeira, um poeta na fenda. Foi editado nos EUA, na Antologia Mundial de Haicai Frogpond, e no Uruguai, com duas obras de poesia bilíngue, Los Seres Trock e Carrocería. Recebeu por cinco vezes o prêmio Açorianos de Literatura.

Poesia
- Viagem dos olhos (1985). Porto Alegre: Coolírica.
- Quase eu (1992). Porto Alegre: Secretaria Municipal de Cultura/Col. Petit Poa.
- Palavra mágica (1994). Porto Alegre: Massao Ohno/IEL.
- ex, Peri, mental (2004). Porto Alegre: ameop.
- O menos vendido (2006). São Paulo: Nankin.
- O advogado do diabo (2012). Porto Alegre: Castelinho Edições.
- Metal (2013). Porto Alegre: Artes e Ofícios.
- Adversos (2015). Porto Alegre: Kombina/Coleção Livros únicos.
- Typographo (2016). São Paulo: Patuá.
- Sobre o que (2019). São Paulo: Patuá.
- Carta aberta ao Demônio (2021). Porto Alegre: Libretos.
- Irmão Robô (2024). Porto Alegre: Libretos.

Haicai
- Bashô um santo em mim (1988). Porto Alegre: Tchê.
- Prêt-à-Porter, haicais para as quatro estações (2017). Porto Alegre: Artes e Ecos.
- Dinastia Mim (2022). Porto Alegre: Bestiário.

Conto
- Play (2008). Rio de Janeiro: Record.

Romance
- O videogame do rei (2009). Rio de Janeiro: Record.

Infantil, Poesia
- O Baú do Gogó (1988). Porto Alegre: Sulina.
- Pequenas observações sobre a vida em outros planetas (1998). Porto Alegre: Projeto.
- É tudo invenção (2003). São Paulo: Ática.
- Pequenas observações sobre a vida em outros planetas (2004). São Paulo: Salamandra.
- Mmmmmonstros! (2005). São Paulo: Salamandra.
- Transpoemas (2008). São Paulo: Cosac Naify.
- A moda genética (2009). São Paulo: Ática.
- Los seres Trock (2013). Montevidéu: Topito Ediciones.
- Os seres Trock (2017). São Paulo: Biruta.
- Era mais de uma vez (2017). Campinas: Fundação Educar DPaschoal.

Tradução
- Isso não é arte – traduções de haicais de Kobayashi Issa (2019). Porto Alegre: Bestiário.
- Festas Galantes – tradução do livro de Paul Verlaine (2021). Porto Alegre: Bestiário.

Dissertação de Mestrado
- Manuel Bandeira, um poeta na fenda (2020). Porto Alegre: Lume UFRGS.

Discografia
os poETs
- Música legal com letra bacana (2004). São Paulo: YB.
- os poETs (2008). Porto Alegre: Loop Discos.
Ricardo Silvestrin & Banda
- DUK7 (2015). Porto Alegre: Loop Publishing.
- Silvestream (2019). Porto Alegre: Loop Publishing.
- RS&B (2025). Porto Alegre: Loop Discos.

Prêmios e distinções
- Prêmio do Encontro Brasileiro de Haicai, 1987, segundo colocado.
- Prêmio Açorianos, 1995, poesia, livro Palavra Mágica.
- Prêmio Açorianos, 1999, infantil, livro Pequenas observações sobre a vida em outros planetas.
- Prêmio Açorianos, 2005, destaque editorial, Editora ameopoema.
- Biblioteca Básica do Estudante Brasileiro da FNLIJ, 2005, livro É tudo invenção, infantil, poesia.
- Prêmio Açorianos, 2007, poesia, O Menos Vendido.
- Prêmio Açorianos, 2008, destaque de mídia rádio, Transmissão de Pensamento, programa na rádio Ipanema.
- Finalista do prêmio AGES, 2009, livro Play, contos.
- Finalista do prêmio Açorianos, 2010, livro Transpoemas, infantil, poesia.
- Prêmio de edição do Ministério da Cultura do Uruguai, 2014, livro Los Seres Trock, infantil, poesia.
- Finalista do prêmio Portugal Telecom, 2014, livro Metal, poesia
- Finalista do prêmio Brasília de Literatura, 2014, livro Metal, poesia
- Finalista do prêmio Açorianos, 2017, livro Typographo, poesia.
- Finalista do prêmio da Academia Rio-grandense de Letras, 2018, livro Prêt-à-porter, haicais.
- Finalista do prêmio AGES, 2020, livro Sobre o que, poesia.
- Finalista do prêmio Candango, 2022, livro Carta aberta ao Demônio, poesia.
- Prêmio AGES, 2022, livro Carta aberta ao Demônio, poesia.

Algumas das antologias de que faz parte
- 100 Haicaístas Brasileiros / Roberto Saito, H. Masuda Goga e Francisco Handa (organizadores). São Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão, 1990.
- Roteiro da poesia brasileira - anos 80 / Ricardo Vieira Lima (org.) - Coleção Roteiro da Poesia Brasileira. Direção Edla van Steen. São Paulo: Global, 2010.
- Antologia poética: Moradas de Orfeu / seleção e organização Marcos Vasques. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2011.
- Palavra não é coisa que se diga: poemas / Vera Lúcia de Oliveira … [et al]. Porto Alegre: AGE, 2013.
- Poemas que escolhi para as crianças / Ruth Rocha (org.). São Paulo: Salamandra, 2016.
- Haicais tropicais / Rodolfo Witzig Guttilla (org.). São Paulo: Boa Companhia, 2018.

Alguma fortuna crítica sobre Ricardo Silvestrin
ABUJAMRA, André. Orelha. In: Ricardo Silvestrin. ex, Peri, mental. Porto Alegre: ameop, 2004.
ALVES PINTO, Ziraldo. Orelha. In: Ricardo Silvestrin. Typographo. São Paulo: Patuá, 2016.
ANTUNES, Leonardo. Prefácio. In: Festas Galantes / Paul Verlaine: traduzido por Ricardo Silvestrin. Porto Alegre: Bestiário, 2021.
ASSIS BRASIL, Luiz Antonio de. Um contista. In: Ricardo Silvestrin. Play. Rio de Janeiro: 2008.
CAMPOS, Maria do Carmo. Palavras voam. In: Vera Lúcia de Oliveira et al. Palavra não é coisa que se diga. Porto Alegre: AGE, 2013.
CICERO, Antonio. Orelha. In: Ricardo Silvestrin. Metal. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2013.
COSTA, Ronald Augusto da. O Menos Vendido e suas partituras. Diário Catarinense, Florianópolis, 30 de dezembro de 2006
______. Orelha. In: Ricardo Silvestrin. ex, Peri, mental. Porto Alegre: ameop, 2004.
______. Um livro bom antes de outro. Blog Clareira da Selva, 2006.
______. Irmão Robô, o pensador. Caderno de Sábado, Correio do Povo, Porto Alegre: p. 3, 1/2/20125.
CUNHA, Andrei. Arquiteturas delicadas para tempos difíceis. Caderno de Sábado, Correio do Povo, Porto Alegre: p. 2, 09/10/2021.
______. Orelha. In: Ricardo Silvestrin. Dinastia Mim. Porto Alegre: Bestiário, 2022.
______. Orelha. In: Isso não é arte / Kobayashi Issa: traduções de Ricardo Silvestrin. Porto Alegre: Bestiário, 2019.
CRUZ, Edson. O cantar sobre o abismo de Ricardo Silvestrin. Caderno de Sábado, Correio do Povo, Porto Alegre: 17/08/2024.
DUCLÓS, Nei. Atleta de abismos. Blog Outubro, 01 de agosto de 2013.
______. Leitura da poesia selvagem. Blog Outubro, 2006.
______. Tyopgrapho: o poema na surpresa da espiral. Blog Outubro, 11 de agosto de 2016.
FISCHER, Luís Augusto. Um passado pela frente: poesia gaúcha ontem e hoje. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1992.
FRANCHETTI, Paulo. Nota de apresentação. In: Isso não é arte / Kobayashi Issa: traduções de Ricardo Silvestrin. Porto Alegre: Bestiário, 2019.
GARCIA, Adriane. Metal, de Ricardo Silvestrin. Blog Os livros que eu li, 16 de dezembro de 2016.
GUTTILLA, Rodolfo Witzig.  Haicais tropicais. São Paulo: Boa Companhia, 2018.
______. Quero visitar a velhinha da janela. E, se não me faltar fôlego, disputar uma pelada, pelo Politheama. In: Ricardo Silvestrin. Dinastia Mim. Porto Alegre: Bestiário, 2022.
LEMINSKI, Paulo. Quarta capa. In: Ricardo Silvestrin. Bashô um santo em mim. Porto Alegre: Tchê, 1988.
LIMA, Ricardo Vieira. “Seleção e Prefácio”. In: ______. Roteiro da poesia brasileira - anos 80. Coleção Roteiro da Poesia Brasileira. Direção Edla van Steen. São Paulo: Global, 2010.
MAUTNER, Jorge. Orelha. In: Ricardo Silvestrin. Sobre o que. São Paulo: Patuá, 2019.
MOISÉS, Carlos Felipe. A vida sangra. In: Ricardo Silvestrin. Metal. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2013.
PERRONE, Charles A. Sobre Sobre o que, sobre o que sobrar. In: Ricardo Silvestrin. Sobre o que. São Paulo: Patuá, 2019.
PORTUGAL, Ricardo. Posfácio Yes, nós temos haicai. In: Ricardo Silvestrin. Bashô um santo em mim. Porto Alegre: Tchê, 1988.
ROSA, Luciano. A vida e seus pormenores. Caderno de Sábado, Correio do Povo, Porto Alegre: 21/03/2020.
RUIZ, Alice. Instrumento atento. In: Ricardo Silvestrin. Palavra mágica. Porto Alegre: Massao Ohno/IEL, 1994.
RUIZ LEMINSKI, Estrela. Orelha. In: Ricardo Silvestrin. Prêt-à-Porter, Haicais para as quatro estações. Porto Alegre: Artes e Ecos, 2017.
SALGUEIRO, Wilberth. A primazia do poema. Campinas: Pontes Editores, 2019.
_____. Poesia brasileira: violência e testemunho, humor e resistência. Vitória: EDUFES 2018.
SECCHIN, Antonio Carlos. Memórias de um leitor de poesia. In: Memórias de um leitor de poesia. Rio de Janeiro: Topbooks, 2010.
_____. Quarta capa. In: Ricardo Silvestrin. O menos vendido. São Paulo: Nankin, 2006.
SCHÜLER, Donald. Prefácio. In: Ricardo Silvestrin. Palavra mágica. Porto Alegre: Massao Ohno/IEL, 1994.
SCLIAR, Moacyr. Quarta carpa. In: Ricardo Silvestrin. Play. Rio de Janeiro: 2008.
TREVISAN, Armindo. Ricardo Silvestrin: até onde pode ir a Poesia? In: Ricardo Silvestrin. Typographo. São Paulo: Patuá, 2016.
______. Sobre o livro de Ricardo Silvestrin: “O Menos Vendido (Poemas)”. Blog Armindo Trevisan, 2 de agosto de 2011.
VERISSIMO, Luis Fernando. Quarta capa. In: Ricardo Silvestrin. O videogame do rei. Rio de Janeiro: 2009.