
R$ 42,00
 |
Título:
COLEÇÃO
Autor: Gustavo Lagranha
ISBN: 978-65-6056-035-2
Formato: 14 x 21 Páginas: 84 Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário, 2023
Coleção – poema bom ao primeiro
gole
Ronald Augusto1
Coleção enfeixa poemas realizados dentro de um arco de tempo
que vai de 2011 a 2022. Ao longo da década, Gustavo Lagranha
foi curando ao sol e ao vento os ritmos agora ofertados ao
leitor. Uma espera, aparentemente, sem angústia: a pressa é
amiga da vaidade. O título é bastante coerente com o tipo de
conjunto que se publica. Segue uma distinção grosseira sobre
dois modos de agrupar poemas.
De um lado há livros que têm um tema de fundo, ou seja, os
textos são urdidos em vista de um conjunto e de um eixo
semântico; as peças, individualmente, não importam tanto, o
que vale é a totalidade do percurso formal e seu sentido
subjacente. João Cabral é exemplo do poeta com esse apetite
para livros que denotam as características referidas.
De outro lado, vamos encontrar livros cuja pretensão é
apenas – e não podemos desprezar o grande esforço por detrás
desse apenas – colecionar bons poemas, sem a necessidade de
criar uma unidade ou um desenho de sentido para os escritos
contidos entre suas capas. Cada poema seria uma pequena joia
cerrada em si mesma. Manuel Bandeira é o mestre desse tipo
de reunião de poemas.
Coleção, me parece, segue essa tradição. Não obstante as
seções do livro, que formam certas sequências, Lagranha mira
a beleza e a dureza de cada poema. Poema após poema o poeta
palmilha o mundo vivido e ideado por meio de uma imagética
firme, dúctil: a metrópole e o pago; o amor natural e o
desespero; o frio do cão e o sol do verão que amansa o cão.
A poesia precisa de tempo, de versos inumeráveis, de imagens
que quedam impressas na mente do fruidor. Tudo isso é
alcançado por Gustavo Lagranha em seu relacionamento sério
com o gênero.
Leitor, leitora, ouçam esses versos: “tua lacuna teu
silêncio é som/ sobre tudo o mais audível/ essa temível
ausência de prece/ essa ainda terra gretada”. Baste esse
breve quarteto, meus caros, pois, como reza o adágio, não é
preciso ingerir o barril inteiro para constatar que, no
caso, o conteúdo é de fino vinho e não de vinagre. Evoé,
Gustavo Lagranha!
Sobre o autor:
Gustavo Lagranha é advogado, músico e funcionário público.
Mora em Vacaria, RS, onde nasceu. Em 2019, publicou pela
Editora Bestiário o livro de contos Adentro. Participou de
diversas coletâneas de narrativas curtas, entre elas Contos
da Sepé, organizada por Lúcio Carvalho, e Novos Contos
Imperdíveis, organizada por Charles Kiefer. Recebeu menção
honrosa no Prêmio Off Flip 2022, Poesia. |