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					R$ 36,00 
					
					  
					 
					eBook 
					
					
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					 Título:
						ESCONDERIJO DA NUVEM Autor: 
					Carlos Nejar 
						
					Finalista do Prêmio Academia Rio-Grandense de Letras 
					
					ISBN 978-85-94187-42-0 
					 Dimensões: 14 x 21 cm Páginas: 134 Gênero: Poesia 
					Publicação: Class, 2019 
					 Sobre 
					como vencer a morte 
					Fernanda Mellvee 
					 
					Entre as águas da infância e o mar de Caronte navega o 
					poeta, soberano de si e dos segredos do tempo. Temos em 
					Esconderijo da Nuvem, um eu-lírico que retorna ileso de cada 
					confronto com o mistério da morte. Se os anos pesam, a 
					natureza redime. A Urca, este santuário do poeta, é 
					recompensa pelas agruras do fazer literário e da vida. 
					Michel Foucault dizia que ainda na Idade Média 
					estabeleceu-se uma divisão entre os lugares. Surgem então 
					lugares sagrados, como a igreja e o cemitério. A 
					dessacralização dos lugares ocorreu ao longo da história, 
					porém a sacralização faz parte do ser humano. A Urca é o 
					lugar sagrado do eu-lírico, um lugar que integra passado, 
					presente e futuro, futuro este que às vezes surge pintado em 
					tons sombrios, mas que se dilui nas cores exuberantes da 
					paisagem. 
					É somente na Urca que o eu-lírico passa por um processo de 
					transcendência, onde ele assiste à passagem do tempo, 
					intercalando receio e certezas. Se por um lado, o tempo ido 
					é perdido, o poeta se sabe vencedor: é o legado da escrita 
					na vida, como diz no primeiro verso do poema “Coisas 
					Poucas”: “O que perdi, ganhei”. 
					A paisagem da Urca se engatilha de sentimentos. No poema 
					“Acórdão do Rochedo”, quando o eu-lírico nos diz que “de 
					encantado o mar jamais se acorda/ quando a saudade é mar 
					dentro da onda”, ele revela o que não cabe mais dentro do 
					peito. 
					No poema “Escrevo sobre a água”, o eu-lirico que escreve 
					“sobre a água o chão do mundo”, nos fala da fugacidade do 
					instante e da vulnerabilidade dos sentimentos. A brevidade 
					das coisas é um tema recorrente entre os poemas que compõem 
					a obra. Carlos Nejar, com seus versos carregados de 
					humanidade, nos mostra o quanto o instante é frágil. Em 
					poemas como “Leme” e “Sobre as ondas” temos anunciada a 
					chegada do fim, que pode ser o final de um ciclo ou o fim da 
					vida. 
					A morte, um outro elemento constante em Esconderijo da 
					nuvem, surge como o destino inexorável de todos nós, em 
					poemas como “Enredo” quando o eu-lírico reflete sobre “Quem 
					pode ousar com tal ousar da morte/ Ninguém escolhe a sorte 
					que recolhe/ o fim que está chegando com seu golpe”. Em 
					poemas como “Penúria”, quando o eu-lírico revela que “A 
					morte não me encontra, mesmo quando/ quiser me fitar, em 
					sombra, doído/ Porque de morte a cura tem-me sido/ cada vez 
					na palavra de ir sonhando” e “Nem para esquecer”, quando ele 
					afirma que “Pode me levar a morte tudo/ Pode me levar a 
					morte nada” , a morte é um templo em ruínas, assim como o 
					tempo. Podemos concluir que a morte pode ser vencida pela 
					escrita. A poesia, como a de Carlos Nejar, é imune ao tempo. 
					Imortal.  |