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Título:
ESCUTAR É LENTO, 65 poemas
para 65 anos
Autora: Maria Alice Bragança
ISBN:
978-65-85432-21-4
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 100 Gênero: Poesia Publicação:
Bestiário / Invencionática, 2025Maria
Alice Bragança, poeta gaúcha, autora de três livros solo de
poesia e coautora em diversas antologias, é uma importante
voz poética na cena literária brasileira da
contemporaneidade. Há em sua escrita uma oratória hábil que
conjuga, em carne-verbo-epifania, dois aspectos relevantes:
o mundo subjetivo do eu-lírico versus o eulírico como
condição do mundo, onde tudo se move e se entrelaça e até
“os passos e as calçadas” intensificam “as despedidas”,
assim como a “praça sabe de tudo / e guarda” e tece
inquietante silêncio. Os versos“ Este silêncio é incômodo /
como sapato apertado” é o leitmotiv do novo livro, “Escutar
é lento: 65 poemas para 65 anos”, de Maria Alice Bragança.
No primeiro poema que inaugura a narrativa poética do livro,
a autora nos convida a “ouvir o silêncio, / o grão da voz, /
o engasgo”. // Escutar a falta nos excessos, / o vazio nos
objetos / acumulados, / o grito na garganta”, a dor por trás
das máscaras de riso solto; contudo, o mais desafiador,
nesse mundo ciberneticamente veloz, efêmero e insensível, é
ouvir-se, estar consigo mesmo. Apesar de toda lentidão do
processo, há que se tentar a escuta. Cada poema deste livro
é um mundo gestado que se expande e se encontra com o poema
único de cada leitor/a e, nessa dança poética, “uma ponte é
lançada” no espaço sideral da criação humana. A autora, como
uma arqueóloga da palavra, escava no chão da dialética das
contradições “uma trilha sonora da memória”, onde “O tempo é
mistério (...) não tem dono” e “A palavra é sempre passado”
e, neste ilusionismo poético, nos segreda sobre “amores
passados, / de tempos de trevas, de nós”; da “menina que não
queria crescer (...) (que) gasta o salário da mulher / em
lúdicos chocolates”, “que repete em seus passos / o andar de
todas as mulheres” e que aprendeu que “Às vezes, é melhor
não trancar a porta”, porque “A caminhada da mulher / ainda
é um susto”. Se escutar é lento, mais nos vale lavrar os
campos das experiências a partir da memória traçada nos
versos de um tempo presente, nesse grão fértil da escritura
braganciana, pois “o que é feito com verdade / planta boa
semente”. Boa colheita!
Marta Cortezão
Escritora, poeta, coordenadora do movimento literário
Enluaradas
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