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Título:
FORMIGAS POR PORTO ALEGRE
Autor: Renato de Mattos
Motta
ISBN: 978-65-85432-13-9
Formato: 14 x 21 Páginas: 52 Gênero:
Poesia
Publicação: Invencionática, 2023
Famigeradas formigas
Gostaria que esta pequena anotação após lida fosse
esquecida por desnudar a inabilidade do escrevinhador que,
ao lançar os olhos neste texto, percebe um complexo jogo de
ocultação e revelação. Ao ler este pequeno livro-poema,
percebi que o texto não tem uma disposição convencional e
nem o verso é linear. A palavra (formiga) se desdobra, se
multiplica como num pregão de camelô buscando uma relação
entre a fala, a palavra, a coisa e a realidade. A leitura
linear e horizontal imposta pela tipografia desde a
descoberta/invenção da imprensa com a edição do primeiro
livro foi quebrada. A máquina de escrever afastou a caneta
da mão do escritor e o computador aposentou a máquina de
escrever, aqui o texto volta ter o gesto, o movimento da mão
nervosa do poeta fazendo um caligrama como no poema da fala
do rato em “As aventuras de Alice no país das maravilhas” .
A linearidade é rompida, e de certa maneira estabelece um
diálogo com a poesia concreta. As formigas em seu percurso
sinuoso recriam a forma da escrita obrigando o olho a
perseguir o trajeto do poema propondo uma relação na
percepção visual, verbal e sonora. Elas são milhares,
milhões espalhadas por todo canto do planeta cruzando
séculos indiferentes a pandemias, as ameaças de III guerra
mundial, ao extermínio da raça humana, a fome a miséria, a
violência, continuam seu propósito de vida e ocupação do
planeta. Seriam as formigas as herdeiras deste planeta? Este
poema nos leva a fazer uma analogia, a partir de nossa
aldeia: um ser teoricamente insignificante, indiferente à
prepotência humana, segue seu projeto de vida em colaboração
de um com o todo. O todo não é meramente a aproximação das
partes e sim a colaboração mútua na busca de um melhor viver
com respeito a todas as formas de vida. Desta forma, vemos
que o inverosímil encobre o subtexto elucidando a
possibilidade de leitura.
W. Cava, 2022
Sobre o autor:
Renato de Mattos Motta poeta, artista plástico,
produtor cultural, nascido em Porto Alegre, onde também
reside, tem atuações em literatura, xilogravura, teatro,
fotografia e histórias-em-quadrinhos. Desde 2012 coordena o
coletivo de poetas Gente de Palavra, realizando saraus e
publicando a revista de mesmo nome. Publicações individuais:
· Pau de Poemas – álbum de poemas ilustrados por
xilogravuras do autor (1987); · Pau de Poemas – segunda
edição colorizada digitalmente e impressa a cores em papel
Couché 300g (2007); · Versa – 104 pg. (Porto Alegre: Gente
de Palavra, 2014) · AmarTeAtéAmorTe – livro artesanal (Porto
Alegre: Gente de Palavra, 2016) · Via Vitae – livro de
artista com xilogravuras originais (Porto Alegre: Gente de
Palavra, 2017). · Pretos de Peleia – 80pg (Porto Alegre:
Gente de Palavra, 2020) – Prêmio AGES Livro do Ano 2021 –
categoria Poesia. |