
R$ 36,00
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Título:
Ininterruptos, choremos ruas dentro dos ossos
Autor: Delalves Costa
Finalista do Prêmio
Academia Riograndense de
Letras
ISBN: 978-65-88865-09-5
Formato: 14 x 21
Páginas: 74
Gênero: Poesia
Publicação: Class, 2020
LEIA O
ENSAIO
Língua e estética em Ininterruptos,
choremos ruas dentro dos ossos, de Delalves Costa
Alexandra Vieira de Almeida
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A LUZ NOS OLHOS DA POESIA
INAUGURAL
DE DELALVES COSTA
O Ininterruptos, choremos ruas dentro dos ossos, novo livro
de Delalves Costa, pela editora Bestiário, do lúcido
escritor-editor Roberto Schmitt-Prym, não é apenas a
surpresa da descoberta de um poeta, que se constata pelos
primeiros versos, mas também é o reconhecimento de sua
maturidade, com original visão do mundo.
Caracteriza-se por um jogo de contraposições entre o poético
e o prosaico, o uso de vocábulos que normalmente pesam e no
seu caso, consegue tornar leves e voantes no poema. Como
“falésia”, “fórceps”, “homemporâneo” ou “ethos”, mas pelo
mover mágico, catalizador, incrivelmente funcionam no seu
texto, que é à queima-roupa entre a lógica e o caos, ou o
caos que se funde a uma lógica inaugural das coisas, sob “o
sapato dos dias”.
É permeado pela sombra concretista, com a diferença
fundamental: as palavras estão vivas no espaço branco,
respirantes como cacto no deserto. Por se casarem
estranhamente e com ardor de pênseis metáforas.
Há um relato que parece cego de signos, mas é um cego que vê
“primaveras no abismo”. E é o leitor, sim, “o passarinho
alvejado por um estilingue.” Palavras gerando palavras, em
combinação de furor e mistério.
O que nos lembra o francês René Char. E o texto se encanta
na combustão, empenha-se na invenção da realidade. E com
alegria, o Rio Grande do Sul ganha mais um criador de força,
com sotaque próprio, peculiar. E muito honrará sua já
imperiosa literatura.
Rio de Janeiro, “Morada do vento”, 9 de novembro de 2020
Carlos Nejar
Escritor da Academia Brasileira de Letras
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