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Título:
GIACOMO JOYCE Autor:
James Joyce
Dimensões: 14 x 21 cm Páginas: 48 Gênero: Poesia Publicação:
Bestiário, 2012 / 2022
Giacomo Joyce é um opúsculo de oito páginas (frente
e verso) manuscritas, escritas em 1914. O texto esteve
esquecido durante muitos anos e acabou sendo encontrado em
Trieste por um irmão de Joyce, onde o escritor viveu. Hoje,
pertence a um colecionador. O texto foi criado após Retrato
do Artista Quando Jovem, antes de Ulysses e narra de forma
muito poética a atração do autor por uma jovem aluna judia
daquela cidade. Um amor, digamos, proibido. Giacomo era como
os italianos chamavam o escritor, uma tradução para James. O
texto surgiu em forma de livro apenas em 1968. Esta bonita
edição da Bestiário é bilíngue, com excelente tradução para
o português de Roberto Schmitt-Prym. Não é uma narrativa
circunstanciada, trata-se de um texto para ser lido com
calma, ouvindo-se sonoridades e sentindo seu indiscutível
erotismo. Parecem meras anotações poéticas escritas em
formas livres que escondem um texto verdadeiramente belo.
Alguns trechos:
Lanço-me numa onda fácil de fala mansa: Swedenborg, o
pseudo-Areopagita, Miguel de Molinos, Joaquim Abbas. A onda
gasta. Sua colega de classe, retorcendo o corpo torto,
ronrona num mole italiano vienense:
“Che coltura!
”As longas pálpebras piscam e se alçam: uma
ponta de agulha em brasa pica e palpita na íris veluda.
Saltos altos estalam secos nos ressonantes degraus de pedra.
Ar invernal no castelo, cotas de malha patibular, candeeiros
de ferro tosco sobre as espirais das escadas circulares.
Tique-taques de saltos, ecos altos e ocos. Alguém lá embaixo
quer falar com a senhorita.
(…)
Saio apressado da tabacaria e a chamo pelo nome. Ela se
volta e se detém para ouvir minhas confusas palavras falando
de lições, horas, lições, horas: e lentamente suas pálidas
faces se iluminam de inflamada luz opalina. Calma, calma,
não tenha medo!
(…)
Minha voz morrendo nos ecos de suas palavras, morre como a
voz exaustissábia do Eterno chamando a Abraão através das
colinas ecoantes. Ela se encosta contra a parede acolchoada:
feito odalisca na luxuriante escuridade. Seus olhos beberam
meus pensamentos: e na mornez úmida e submissa de sua
ingênua feminidade minha alma, dissolvendo-se, fluiu e
verteu e inundou uma líquida e abundante semente… Agora que
a possua quem quiser!…
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