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Título: SEGUE
ANEXA MINHA SOMBRA
Autor: Laís
Chaffe
ISBN
978-85-94187-09-3
Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 176
Gênero: Poesia
Publicação: Class / Bestiário, 2018
PRÊMIO AGES de
POESIA
PRÊMIO
DA ACADEMIA RIO-GRANDENSE DE LETRAS
Hoje tem poesia
Em Segue anexa minha sombra, tem poemas de todos
os tamanhos. E de todos os gêneros. Do dístico ao haicai
ao soneto. Tem poemas de todos os tempos e lugares: da
Grécia, poemas pós-modernos. Laís Chaffe abole o tempo
como uma boa poeta (poetisa não, por favor), tem poemas
do bebê ao velho. O velho pode ser o menino, o pai pode
ser o guri, pouco e muito importa, Laís Chaffe abole a
lógica como uma boa poetisa (ops), nós e o passado logo
ali na esquina. Tem poema esquecido, tem poema de
memória que serve comida sírio-libanesa-universal do pai
velho menino entre o kibe e a kafta. Tem poema, tem
sótão, tem pátio. É variado, dissonante, polissemia de
romance e, mesmo que tenha prosa, é poesia sempre. Tem
pergunta e, como não tem resposta, é interminável por
enquanto. Laís Chaffe não faz charme e expõe as
referências, tem Bandeira, Drummond, Leminski, Quintana,
Poe, Shakespeare, tem salada russa de grão-de-bico, só
de Manu tem dois, cadê o fio? O vermelho, o de Ariadne,
de Laís, o que salva o apresentador-orelhista de se
perder no vago assombro. Laís deixa do fio a pontinha à
mostra de ser poeta como a criança que nunca parou de
brincar e, em vez de boneca, em vez de carrinho, em vez
de bola, aceita o convite das palavras para brincarem
juntas. Laís sabe que, para deter o tempo (a morte), a
arte é o único antídoto (tem Nietzsche). Laís poeta a
persistência e não arreda do poema enquanto ele/ela não
lhe entrega o último suco da imagem, adestrando
cavalos-marinhos à ideia do tempo que protesta títulos
aos sons aos sons aos sons sem trena sem treino sem
régua: tem Pound. Substantiva, essencial, mais suor do
que surto, mais sêmen do que sangue,
ela nunca, ela nunca, ela nunca recolhe
por inteiro este fio que salva o orelhista,
aquele fio de ela nunca deixar de
brincar, ego solto, manso da própria
vaidade metamorfoseada em algo
maior do que o ogro: a poesia. Podem
chamar de dístico, haicai, soneto.
Poema piada, aforismo. Chamo de jogo
permanente, brincadeira de criança
crescida, poeta poetisa, Laís brinca de
sexo, de amor, de vida e mostra que
nem a morte resiste ao humor do jogo
com o amigo leitor. Palhaça das hábeis,
gozadora esmerada no respeito
máximo de levar às veras – brincando –
tudo o que uma palavra pode render
quando brinca seriamente com a que
vem depois que brinca seriamente com
a que vem depois que brinca seriamente
com a que vem depois. Até que o livro
termina. Termina, vírgula: ecoa.
Celso Gutfreind |