R$ 42,00
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Título:
PAMPA SOTURNO Autor:
Antônio Cândido Silva da Silva
ISBN: 978-65-88865-56-9
Formato: 14 x 21 Páginas: 258 Gênero: Contos
Publicação: Bestiário / Class, 2021
Esta história não é minha. Ela
me foi contada pelo pai de um amigo, quando eu tinha algo em
torno dos doze anos, que a ouviu de sua mãe, a protagonista.
A vó do meu amigo era uma criança quando ocorreu o fato e
morava para fora, nesse momento se faz necessário uma
explicação, se você leitor não é da fronteira oeste do Rio
Grande do Sul talvez não entenda o que significa morar pra
fora, mas é simples. Ela morava na área rural, no campo, em
uma chácara, fazenda, sitio, morava fora do
perímetro urbano. Pois então, ela era uma criança, morava
pra fora, e o ano era algo em torno de 1910, acredito eu.
Existe uma árvore seca, na
beira da rodovia entre Santiago e Manoel Viana, alguns
quilômetros depois da Porteira do Toroquá. Lá, no
entardecer, quando o sol cega os motoristas, a figura de uma
mulher pode ser vista, por alguns segundos, dependurada pelo
pescoço, no galho mais forte. As pernas balançando,
levemente, já sem vida.
...
Na fronteira entre o Brasil e a Argentina, não muito longe
da barranca do Rio Uruguai, em São Borja, nas noites mais
silenciosas, ouvidos atentos podem escutar o retumbar da
batalha, quando Brasileiros e Paraguaios travaram um
sangrento
duelo. Não raros são os relatos daqueles que viram os
clarões dos canhões, e ouviram o relinchar dos cavalos e o
barulho dos seus cascos contra o chão. Mas pior é o que vem
depois do cessar dos tiros. O pior é o lamento dos
moribundos abandonados no campo, os gritos de dor e medo.
Sobre o autor:
Antônio Cândido é advogado, formado pela PUC/RS, e Servidor
Publico Federal, Mestre em Educação Profissional, e pai do
Pedro
Antônio. Nascido em São Borja, na Fronteira oeste do Rio
Grande do Sul em 1976, desde cedo foi aficionado por cinema,
música e quadrinhos. Leitor ávido tem entre suas influências
literárias Nelson Rodrigues, Günter Grass, William Faulkner,
Albert Camus, Neil Gaiman, Alan Moore e Arthur Koestler. Mas
é no Cinema, principalmente de horror, onde tem sua ligação
mais forte. O autor cresceu ouvindo histórias fantásticas e
fantasmagóricas, contadas por seus pais e familiares, o que
funcionou como a medula criativa de toda sua obra.
Atualmente
coordena o Projeto de extensão de cine-debate Cine Campus no
Instituto Federal Farroupilha onde trabalha. |