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Título: ROMÂNTICO
VISCERAL SOB O CÉU FRAGMENTÁRIO
Autor: Andrei
Ribas
Dimensões: 14 x 21 cm
Páginas: 96
Gênero: Poesia
Ano: 2017
Não acredite no título deste livro. Se
você pensa que vai encontrar aqui um poeta romântico, ou
o clichê do poeta que deixa fluir, sem muitos filtros do
trabalho estético, o que vem da sua alma, errou. Também
nada tem de visceral, no mesmo sentido do clichê daquele
que faz das tripas poesia. Há sim aqui um trabalho de
construção. Às vezes, beira o poema visual, com dois ou
mais eixos de leitura no espaço da página. Há
deslocamentos no espaço criando ritmos novos, há imagens
artesanalmente pintadas com palavras, há um poeta
criticando a sua própria poesia, enfim, há todo um
projeto de questões literárias posto no jogo criativo.
Se, depois disso tudo, você ainda quiser ler esse livro,
vá adiante. Ele foi feito para leitores como você.
Ricardo Silvestrin
As (des)necessidades de Ribas
Luigi Ricciardi
Fonte:
https://homoliteratus.com/as-desnecessidades-de-ribas/
Com o requinte de um texto bem construído, o
livro de poesias de Andrei Ribas, Romântico visceral sob
o céu fragmentário, aborda temas como redes sociais e
cultura popular e a de massa.
Romântico visceral sob o céu fragmentário, livro
publicado em parceira das editoras Bestiário e Artes &
Ecos, é um ótimo sopro de boa poesia em meio a tantas
narrativas. É também um vento agradável em época de
perfis de instagram que apostam em versos clichês para
ganhar mais e mais seguidores. O autor, o gaúcho Andrei
Ribas, é um poeta que explora limites.
A voz de Ribas é uma voz da contemporaneidade.
Fala de redes sociais e de cultura popular e de massa
com um requinte de um texto bem construído, nos temas e
na estrutura. Aliás, Ribas explora variadas formas de se
fazer poesia e, neste livro, na maioria das vezes
acerta. Quem dera mais poetas se entregassem a esse
prazer de brincar com a tradição poética.
Além das atualidades, mostra conhecimento de bons
escritores do passado, para, se não desautorizá-los, ao
menos dizer que mesmo com toda a história da literatura
por detrás, a poesia fora do verso é tão potente quanto
a habitual, quiçá mais.
E se uma das forças da literatura é estar no
cotidiano e poder quebrar com o cotidiano e o “comum”,
Ribas dá cutucadas em poetas piegas “globais”, que estão
quase sempre beirando o senso comum, pouco antes de
soltar alguns versos aparentemente piegas, não fosse o
título do poema (Estupro) nos dizer que se trata na
verdade de outra coisa muito maior.
Irônico, crítico e com senso de humor. Uma voz
que adota uma postura dupla em inúmeros poemas. De um
lado, mostra-se consciente de que, em meio a tanta coisa
no mundo, a poesia é realmente desimportante. De outro,
mostra que a não importância da poesia para o mundo em
geral é exatamente o mal do mundo. Ironia e/ou acidez?
Uma coisa é certa: pelos versos de Ribas
entendemos que o poeta não é divino, que não é um ser
predestinado, que sabe naturalmente fazer versos –
aliás, alguns ainda insistem em apostar nessa figura
que, salvos raras exceções, não vale muito desde os ecos
do Romantismo em fins do século XIX e XX.
A “poesia é uma merda pronta, incubada no
intestino da soberba”, diz o autor em um determinado
poema do livro. Sendo merda, a poesia é a necessidade ou
a desnecessidade humana? De qualquer maneira, o efeito
da obra acabada, no entanto, mostra exatamente o
contrário do poema. Não que esses versos não se apliquem
a muitas obras e posturas (e como se aplicam!), mas
tenho certeza que, no caso de Romântico visceral sob o
céu fragmentário (e que título potentemente irônico),
não se aplica de jeito algum.
Luigi Ricciardi é doutorando em literatura
(UNESP/Araraquara) e vive em Maringá/PR. Publicou dois
livros de contos Anacronismo Moderno (2011), Notícias do
Submundo (2014) e Criador e Criatura (2015). Quando se
trata de livros é oniomaníaco (para vinhos e cervejas
também). Gosta de uma mesa de bar, bebida, risadas e
filosofia. É tarado por literatura. E por viajar. Vive
buscando estradas. |