R$ 38,00

Título: SHIKI, inventor do haicai moderno
(Edição bilíngue Português / Japonês)

PRÊMIO AÇORIANOS
FINALISTA PRÊMIO AGES

Autores: Andrei Cunha e Roberto Schmitt-Prym

ISBN: 978-65-88865-12-5

Formato: 14 x 21
Páginas: 96
Gênero: Poesia, Ensaio, haicais
Publicação: Class, 2021

No Brasil, o haicai é, ao mesmo tempo, um elemento da nossa modernidade e venerado como a mais tradicional expressão da poética japonesa. Se hoje se escreve haicai nas mais diversas línguas, se o gênero sobrevive com força em inúmeras culturas, isso se deve em grande parte ao esforço de um poeta japonês: Masaoka Shiki (1867–1902). O presente livro busca apresentar ao leitor brasileiro esse poeta e crítico de haicai, responsável pela reinvenção da forma poética para o século XX — período no qual o haicai deixou de ser uma prática isolada da literatura japonesa e passou a ser um artefato estético presente nas mais diferentes culturas do mundo. Ao rejeitar os fazeres tradicionais das escolas de haicai de sua época, Shiki transformou o pequeno poema de três versos de 5-7-5 sílabas em uma espécie de sketch pictórico da vida real, ou ainda em um registro (pretensamente “sem ornamentos”) do instante, à maneira da fotografia. Devido a seu caráter (aparentemente) simplista, tanto a fotografia como o haiku de Shiki parecem convidar o desprezo do crítico desavisado que atribui uma falta de elaboração, uma ausência de artifício, ao fazer do haicaísta ou ao clique do fotógrafo. Ora, a argumentação em favor do haicai observado do cotidiano é praticamente a mesma que se apresenta em defesa da fotografia: a arte está no efeito de destaque que o retrato confere à coisa retratada. O ato de selecionar algo para o tópico do poema (ou para o objeto da lente) torna a coisa mais nua, mais expressiva, mais abstrata do que se observada em seu contexto; e essa descontextualização, esse gesto tão moderno de retirada do objeto do lugar onde se encontrava, para expô-lo enquadrado em uma moldura, ou feito linguagem no parco limite de uma métrica curta, confere novos significados, surpresas e associações às mais humildes realidades.