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Título:
Tia Gorda e Tia Magrinha na Guerra do Paraguai e
outros contos de guerra, sonho, amores
Autor: José Eduardo Degrazia
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 114 Gênero: Contos Publicação:
Bestiário/Class, 2022
ISBN 978-65-84571-59-4
Anátema para quem pensar que
este é um livro de causos. É um livro de autênticos contos
literários, a que não faltam texto e subtexto,
principalmente subtexto. E eis a essência desse difícil
gênero, de que se exige concisão e rigor da palavra: o que
se esconde vale mais do que se mostra. E nisso José Eduardo
Degrazia é mestre. Ajuda-o muito sua excelência poética,
capaz de articular a metáfora com o mundo real – e a
metáfora nunca é o que parece, mas, sim, o que representa.
E por qual razão alguém pensaria em causos? Sei o motivo:
estes textos são, na primeira parte, histórias que envolvem
a gente da fronteira Sul do Brasil, nos seus teres e
haveres, nos seus episódios bélicos, nos seus contrabandos,
nos bolichos povoados de bandidos que bebem cachaça e estão
prontos a usar seus revólveres e adagas, tudo isso
entremeado por amores ásperos e carnais. São pessoas que
vivem na luta entre o que se convencionou chamar de
civilização e a barbárie, sendo esta apenas seu modo
inocente de encarar o mundo. De certo modo, são os que
habitaram, em outro século e outra estética, os causos de
João Simões Lopes Neto. Aqui os vemos “atualizados” por
novas circunstâncias, novas geografias, novo estilo e novo e
exclusivo autor. Mas enfim, podem ser contados à borda do
fogo de chão.
Na segunda parte dominam outras circunstâncias, em que a
aventura, o deslocamento e o pensamento político trazem
outras personagens, outras lembranças, todas de um período
em que ainda havia o desejo de construir um universo com
espaço suficiente para a solidariedade, a liberdade e,
novamente, para o amor, antes que viessem as sombras. Há
relatos visivelmente pessoais, transfigurados e trazidos à
palavra que, como se sabe, cria mundos diferentes do real.
Essas andanças bem podem ser narradas aos netos por senhores
encanecidos em seus lazeres rememorativos de uma época de
sonho.
Tudo o que vimos, portanto, parecem causos. Mas aqui estamos
perante um escritor de longo e experimentado ofício, e daí
que já surgem prontos como literatura, isto é, viram contos,
na mais alta expressão que a literatura pode abrigar. Se o
conto vale pelo não dito, Degrazia sabe esconder o que
verdadeiramente interessa, deixando a descoberta ao leitor
inteligente que, assim, participará de um autêntico festim
intelectual e emocional. E os leitores saem absolvidos de
seu injusto anátema.
Luiz Antonio de Assis Brasil, inverno de 2021
Sobre o autor:
José Eduardo Degrazia – nasceu em Porto Alegre em 1951. É
médico oftalmologista. Como escritor tem publicados livros
de contos, poesia, novela, e infantojuvenil; entre eles
Lavra permanente, poesia, 1975; Cidade submersa,
poesia, 1979; A urna guarani, poesia, 2004; Corpo
do Brasil, poesia, 2011; A flor fugaz, poesia,
2011; Lições de geometria fantástica, poesia, 2016;
Matemática para centauros, poesia, 2018; Parábola
para centauros, poesia, 2019; A nitidez das coisas,
poesia, 2018; O atleta recordista, contos e
minicontos, 1996; A orelha do bugre, contos e
minicontos, 1998; A terra sem males, contos; Os
leões selvagens de Tanganica, contos e minicontos; A
colecionadora de corujinhas, minicontos; Deus não
protege os certinhos, minicontos, 2020; Os últimos
verdadeiros homens, minicontos, 2021; O reino de
macambira, novela, 2005; A fabulosa viagem do mel de
lechiguana, novela, 2008; O samba da girafa,
infantojuvenil,1985; A caturrita cocota,
infantojuvenil, 1991; Gato e sapato, infantojuvenil,
1997. Como tradutor do espanhol e do italiano, publicou 14
livros, entre eles, 9 de Pablo Neruda. Principais Prêmios
Recebidos:
- Prêmio do Biênio da Colonização e Imigração com Lavra
Permanente, 1974;
- Prêmio I Concurso Universitário de Literatura da UFRGS,
1976;
- Prêmio de Conto da Revista Status, 1978;
- Prêmio de teatro do SNT com a peça A Casa dos
Impossíveis, 1975;
- Finalista do prêmio Nestlé de Literatura, de 1996, com
O Atleta Recordista;
- Finalista do Prêmio Açorianos com Os Leões Selvagens de
Tanganica, 2003.
- Prêmio O Sul de melhor tradução – 2006 com livros de Pablo
Neruda
- Prêmio narrativa longa da Associação Gaúcha de Escritores
– com a novela O Reino de Macambira - 2006
- Prêmio da Academia Internacional Mihai Eminescu da Romênia
para a Obra em prosa – 2012.
- Prêmio Internacional de Poesia de Trieste de 2013.
- Prêmio de Poesia da União de Escritores da Moldávia. 2015.
- Prêmio de Tradução da Associação de Editores da Romênia –
2016.
- Prêmio AGES narrativa curta, com Deus não protege os
certinhos, 2021
- Prêmio AGES livro do ano, 2021.
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