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Título:
Trípoli
Autora: Rafaela Fischer
Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 60 Gênero: Poesia Publicação:
Bestiário, 2022
ISBN 978-65-85039-21-5
Apresentação de Rafaela
Fischer
Eduardo Jablonski
O texto inicial de Rafaela Fischer aborda Trípoli, na Líbia,
mas com um jeito misturando a agilidade de uma prosa
dinâmica e um tanto Clarice Lispector. Será que daria para
vislumbrar a maior escritora brasileira em rápidos
movimentos? Foi uma sensação. Depois, ingressa na poesia, e
a ucraniana/pernambucana não era de poemas. E nem tudo
precisa ser igual, o talento já basta.
Poesia é imagem, segundo “Guilhermino, o Cesar”, um dos
grandes da literatura sulista, embora mineiro. E Rafaela
Fischer começa a sua poesia arrasando: “Minha pele /
comove-se com o que vira turbulência”.
O primeiro trabalho é denso e se poderia escrever um livro
completo de crítica literária sobre ele, apenas ele. Faz
referência a Fernando Pessoa, sem mencioná-lo, e a Rilke,
dois gigantes da poesia mundial. E segue desfilando imagens
com maestria, uma veterana do verso.
O tema é o relacionamento amoroso e/ou sexual, assunto de
todas as poetas do Brasil, Hilda Hilst, Martha Medeiros,
Gilka Machado, Adélia Prado (embora esta aqui também seja
religiosa) e até Vanessa Silla, Laís Chaffe, Maria Ottilia
Rodrigues, Michelle Buss, Cecília Kemel. Evidente que elas
também escrevem sobre outros motes.
Ainda abordando “Quebra-cabeças”, o eu lírico usa o recurso
melódico da assonância (“pele em febre”) que amplia o
significado por meio da imagem. Fica lindo e sensual ao
mesmo tempo. Não é correto um crítico literário usar de
elogios ou adjetivos. Deveria apenas registrar as
ferramentas estilísticas da autora, o que pregaria Armindo
Trevisan, mas é complicado escrever sobre Rafaela Fischer e
não se deslumbrar com a palavra.
Em “Trote”, o eu inventivo parece falar de animais, um
cavalo, quem sabe, porém sai com esta: “Se as flores fossem
domáveis / Eu seria o jóquei”, em possível referência à
mulher indomável. Como dizia Hans-Georg Gadamer, não
interessa muito o que o autor quis dizer, mas sim o que o
leitor captou. E essa imagem transmite a impressão de que as
moças são imparáveis, o que talvez esteja correto.
Julio Cortázar sempre dizia que a literatura deve
surpreender. Percebam esta imagem do poema “Saltos”: “Viver
é dar saltos por entre espantos”, bela, nova e simples ao
mesmo tempo. Ezra Pound não dizia “make it new, make it
simple”?
Parece que as imagens falam do eu poético: “Tenho vazios me
procurando”. Aqui é como se ela tivesse fome por conhecer,
por se desenvolver, por adquirir novas experiências. É uma
poesia viva e deslumbrante. Poderia ganhar os melhores
prêmios do estado, o Açorianos ou quem sabe o Prêmio da
Academia Rio-Grandense de Letras. Espantem-se com Rafaela
Fischer, é um achado poético.
Sobre a autora:
Rafaela Fischer nasceu na cidade de Osório em 1995, no
Rio Grande do Sul. Graduada em Direito e especialista em
Direitos Humanos pela PUCRS. É autora de entre lírios e
leões (2022), livro que marca a sua estreia na poesia. |