R$ 34,00

Pague com PagSeguro - é rápido, grátis e seguro!

Título: Trípoli
Autora: Rafaela Fischer

Formato: 14 x 21 cm.
Páginas: 60
Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário, 2022

ISBN 978-65-85039-21-5

Apresentação de Rafaela Fischer

Eduardo Jablonski

O texto inicial de Rafaela Fischer aborda Trípoli, na Líbia, mas com um jeito misturando a agilidade de uma prosa dinâmica e um tanto Clarice Lispector. Será que daria para vislumbrar a maior escritora brasileira em rápidos movimentos? Foi uma sensação. Depois, ingressa na poesia, e a ucraniana/pernambucana não era de poemas. E nem tudo precisa ser igual, o talento já basta.
Poesia é imagem, segundo “Guilhermino, o Cesar”, um dos grandes da literatura sulista, embora mineiro. E Rafaela Fischer começa a sua poesia arrasando: “Minha pele / comove-se com o que vira turbulência”.
O primeiro trabalho é denso e se poderia escrever um livro completo de crítica literária sobre ele, apenas ele. Faz referência a Fernando Pessoa, sem mencioná-lo, e a Rilke, dois gigantes da poesia mundial. E segue desfilando imagens com maestria, uma veterana do verso.
O tema é o relacionamento amoroso e/ou sexual, assunto de todas as poetas do Brasil, Hilda Hilst, Martha Medeiros, Gilka Machado, Adélia Prado (embora esta aqui também seja religiosa) e até Vanessa Silla, Laís Chaffe, Maria Ottilia Rodrigues, Michelle Buss, Cecília Kemel. Evidente que elas também escrevem sobre outros motes.
Ainda abordando “Quebra-cabeças”, o eu lírico usa o recurso melódico da assonância (“pele em febre”) que amplia o significado por meio da imagem. Fica lindo e sensual ao mesmo tempo. Não é correto um crítico literário usar de elogios ou adjetivos. Deveria apenas registrar as ferramentas estilísticas da autora, o que pregaria Armindo Trevisan, mas é complicado escrever sobre Rafaela Fischer e não se deslumbrar com a palavra.
Em “Trote”, o eu inventivo parece falar de animais, um cavalo, quem sabe, porém sai com esta: “Se as flores fossem domáveis / Eu seria o jóquei”, em possível referência à mulher indomável. Como dizia Hans-Georg Gadamer, não interessa muito o que o autor quis dizer, mas sim o que o leitor captou. E essa imagem transmite a impressão de que as moças são imparáveis, o que talvez esteja correto.
Julio Cortázar sempre dizia que a literatura deve surpreender. Percebam esta imagem do poema “Saltos”: “Viver é dar saltos por entre espantos”, bela, nova e simples ao mesmo tempo. Ezra Pound não dizia “make it new, make it simple”?
Parece que as imagens falam do eu poético: “Tenho vazios me procurando”. Aqui é como se ela tivesse fome por conhecer, por se desenvolver, por adquirir novas experiências. É uma poesia viva e deslumbrante. Poderia ganhar os melhores prêmios do estado, o Açorianos ou quem sabe o Prêmio da Academia Rio-Grandense de Letras. Espantem-se com Rafaela Fischer, é um achado poético.

Sobre a autora:
Rafaela Fischer
nasceu na cidade de Osório em 1995, no Rio Grande do Sul. Graduada em Direito e especialista em Direitos Humanos pela PUCRS. É autora de entre lírios e leões (2022), livro que marca a sua estreia na poesia.