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Título:
UM LIVRO SEM TÍTULO
PORQUE DAR UM TÍTULO SERIA PRETENSÃO DEMAIS Autor:
Matheus Camini
ISBN: 978-65-88865-55-2
Formato: 14 x 21 Páginas: 108 Gênero: Poesia
Publicação: Bestiário / Class, 2021
A “poesia-provocação” de
Matheus Camini se propõe desprovida de pretensão, mas é
carregada de intenção, a primeira delas a de ser dedicada às
mulheres da sua vida. Assim, já de início o poeta indica a
presença constante do feminino no seu discurso de buscas e
encontros: afinal, “o princípio do mundo foi uma mãe”.
E, partindo desse princípio feminino, Matheus apresenta uma
verdadeira biografia poética através da pungente alquimia de
memórias de delicadezas e coragens, da observação do mundo
em seus detalhes, da reflexão inventiva do cotidiano e da
desboberta de pequenas sabedorias à espera de serem
arrancadas do estado de segredo. A tudo isso ele acrescenta
o desejo de contar o que vê e sente na forma de versos
comprometidos em libertar a voz lírica de toda amarra e
assim investigar além das fronteiras, com plena coragem para
abismos.
O poeta-”menino que escreve” sabe que nós também “queimamos”
e, com seu olho de profundezas e desvelamentos, nos “acorda
as curiosidades”. Em busca de liberdade e autodescoberta,
com “verbo hemorrágico em punho”, ele inventa uma sintaxe,
toda uma gramática de dizer sua natureza, seu corpo, seus
modos de estar no mundo. Assim, ele passa do sonho à
revolta, do brincar ao lamento e até inventa conselhos:
“quando for no mar dance/ (...) quando for no mar/ receba
toda entidade/ seja Poseidon e antes/ que o mar escorra/
seja de verdade.”
O “menino de açúcar y sangue” constrói poeticamente uma
biografia que ao mesmo tempo afirma e questiona os nomes, as
identidades, e refaz a própria origem quando precisa para
ser o que quer. O relato biográfico é reinventado pelo fazer
poético, perpassando fases da vida do eu lírico e momentos
culturais distintos do país em que a questão identitária
ganha contornos bastante diferentes como ele constata na
observação do irmão, por exemplo.
Com e através da poesia, ele cria quem é. Vai passando “a
boca pelo não dito” para se procurar na “própria fuligem” e
de lá tirar o menino-sol que é, sabedor do sonho para além
do nome. E para além da experiência biográfica, sua poesia é
de uma investigação do ser. Com seu olhar luminoso de
menino-sol, Matheus nos põe na roda para dançar com o mar.
Isadora Dutra
Sobre o autor:
Matheus Camini nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do sul,
e é estudante de Letras - Literatura Brasileira pela UFRGS,
onde pesquisa Teoria da Literatura em poetas consagrados de
língua portuguesa. Também é pesquisador no ramo da educação
onde costuma publicar ensaios sobre a importância da
aprendizagem literária e do saber ler poesia. É formado em
Artes Cênicas pela Escola de Teatro Popular da Terreira da
Tribo. Desde muito cedo compõe poemas, dividindo seu coração
entre o Teatro e as artes poéticas. |